Contar Para Viver
“A coisa mais importante do ser humano é a narrativa. Sem narrativa, é como um ator no palco que não sabe o roteiro”
Gilberto Dimenstein
Esta exposição é uma viagem pelo Brasil e pelas memórias dos tempos e espaços de nossas vidas. Os personagens da exposição narram suas origens, suas memórias de infância, suas experiências pessoais e refletem sobre o sentido da vida.
Ela complementa o filme PESSOAS – Contar para Viver, um documentário sobre o Museu da Pessoa a partir do olhar de 5 documentaristas sobre as mais de 18 mil histórias de seu acervo.
“Tudo que passei na minha vida foi com um olhar. Agora esse olhar é diferente. É o olhar de quem reaprendeu a ver a vida pela ideia da morte.
Eu descobri uma nova vida perdendo a vida.
Esse é o resumo.“
Gilberto Dimenstein nasceu em São Paulo em 1956.
Jornalista, escritor e ativista social, trabalhou em várias frentes pelos direitos humanos e para tornar São Paulo uma cidade mais inclusiva e humana.
Foi fundador da ANDI, organização de mídia para desenvolvimento, do Aprendiz, laboratório experimental de educação e do Catraca Livre, portal de programação cultural.
Em abril deste ano, contou sua história ao Museu da Pessoa.
Faleceu em maio de 2020, aos 63 anos.
Entrevista: Karen Worcman e Jonas Samaúma
Data: 28 e 29/04/2020
Captação e edição: Marco Del Fiol
“Meu pai era filho de índia.
Índia, índia, índia. Pega no mato.“
Maria Iraildes Valente de Menezes
Iraildes nasceu em 1959 em um seringal em Campo Lindo, no Acre. Aprendeu a pescar com a mãe. Em 1978 mudou-se para Mutum-Paraná, em Rondônia. Lá, conheceu seu marido, teve 4 filhos e viu a ascensão e queda do garimpo. Em 2010, às vésperas de sua cidade ser inundada devido à implantação da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, contou sua história ao Museu da Pessoa.
Para conhecer a história completa de Iraildes, clique aqui.
Entrevista: Karen Worcman
“A gente passou quatro dias juntos, grudados, brincando, jogando bola, conversando. Foi uma coisa de louco, eu conheci aquele cara, falei: ‘Caralho, tô conhecendo o meu pai!’“
Pedro Cezar
Pedro Cezar nasceu em 1966 no Rio de Janeiro. Filho de pais militantes durante a ditadura, foi criado pelos avós em Recife.
Surfista, poeta e cineasta premiado, foi um dos documentaristas convidados para participar do filme Pessoas- Contar Para Viver.
Contou sua história ao Museu da Pessoa em 2018.
Entrevista: Karen Worcman e Rosana Miziara
Gravado por: Marco Del Fiol
“ Eu tinha muita vontade de brincar com boneca. Vivia falando em boneca, mas eu não sabia como é que era. Eu “ponhava” sabugo de milho, enrolava um retalhinho de pano na cintura e falava: “Boneca deve ser assim”. Fazendo a imaginação, fazendo a experiência “
Izabel Mendes
Izabel Mendes nasceu em 1924 no Vale do Jequitinhonha.
Cresceu na roça, cuidando dos irmãos. Aprendeu a trabalhar com barro vendo a mãe fazendo panela e pote.
Viúva, criou seus filhos vendendo panelas e bonecas de barro em feiras e na Rodovia Rio-Bahia. Tornou-se reconhecida internacionalmente e conquistou vários prêmios.
Seu artesanato é referência no Vale do Jequitinhonha e possui vários discípulos, dentro e fora de sua família. Fez sua primeira exposição individual aos 85 anos de idade.
Contou sua história ao Museu da Pessoa em 2007, como parte do projeto Memória dos Brasileiros. Faleceu em 2014.
Para conhecer a história completa de Izabel, clique aqui.
Entrevistada por Cláudia Leonor e Winny Choe
Data: 29/07/2007
“ Ela atrapalhou muito, essa tal de barragem. Ninguém queria sair daqui não. Eu queria ficar mesmo no meu Pilão Velho… Só quem tira água daqui é Deus! Eles sabem fazer barragem, mas não água. Quem sabe fazer água é Deus! “
Maria do Socorro Dias Santos (Dona Pequenita)
Dona Pequenita nasceu em 1941 em Pilão Arcado Velho, Bahia. Trabalhou desde pequena em plantações. Mãe de 12 filhos, decidiu permanecer em sua terra mesmo depois do lugar ser esvaziado e parcialmente inundado por conta das obras do Rio São Francisco. Contou sua história ao Museu da Pessoa em 2007, como parte do projeto Memórias dos Brasileiros.
Para conhecer a história completa de Dona Pequenita, clique aqui.
Entrevistada por José Santos e Winny Choe
Data: 04/12/2007
Fotografia: Antonia Domingues
“ Eu comecei a querer sumir dentro do colégio, me tornar invisível… até que um dia eu descobri um lugar maravilhoso. Era um silêncio… nunca entrava ninguém. Era a biblioteca do colégio. “
Luiz Ruffato
Luiz Rufatto nasceu em 1961 em Cataguases, Minas Gerais.
Jornalista e escritor premiado, suas obras já foram traduzidas em mais de cinco idiomas.
Contou sua história ao Museu da Pessoa em 2013.
Para conhecer a história completa de Luiz Rufatto, clique aqui.
Entrevistado por Karen Worcman e Jonas Samaúma
Data: 27/06/2013
“ Algumas coisas começaram a me incomodar, quando tinha comemoração do Dia do Índio, os professores falavam assim ‘o índio pescava, o índio caçava’, como se as coisas não mais existissem… “
Kaká Werá
Kaká Werá nasceu em 1964 em São Paulo. De origem Tapuia, seus pais já viviam desaldeados quando migraram do interior de Minas para a capital paulista. Na adolescência, passou a conviver com o povo Guarani da aldeia Krukutu, pelo qual foi batizado Werá Jecupé. Empreendedor social da rede Ashoka, fundou o Instituto Arapoty em 1998. Escritor e ambientalista, Kaká é referência brasileira da cultura indígena. Contou sua história ao Museu da Pessoa em 2007. Sua história deu origem ao Curta Juruá, de Tatiana Toffoli, parte do filme Pessoas – Contar Para Viver.
Para conhecer a história completa de Kaká, clique aqui.
Entrevistado por Marc-André Delorme
Data: 24/05/2007
Curta ‘Juruá’ de Tatiana Toffoli, que compõe o filme Pessoas – Contar Para Viver
“ Eles olhavam…aí a dúvida: é professor ou professora? “
Herbe de Souza
Herbe de Sousa Silva nasceu em 1980 na Freguesia do Ó, em São Paulo. Ainda criança, sentia-se dividida entre ser menino ou ser menina. Formou-se em Pedagogia e leciona em escolas municipais.
Contou sua História ao Museu da Pessoa em 2014, através do Programa Conte Sua História.
Para conhecer a história completa de Herbe, clique aqui.
Entrevistada por Rosana Miziara
“Quando eu entrei aqui eu fiz uma distinção entre viver e contar.
Pedro Cezar
Saio daqui com um embaralhamento muito forte.”
FIM DA EXPOSIÇÃO
CONTAR PARA VIVER – Narradores do Brasil foi uma homenagem à capacidade humana de contar histórias.
Todas as histórias fazem parte do acervo do Museu da Pessoa.
A exposição complementa o documentário
Pessoas – Contar Para Viver